Há um velho espanhol que quer “acabar com isso de Deus” – noticiam as agências.
Não é o primeiro e não será o último.
Como ele, nos últimos milénios, muitos outros quiseram decretar o fim da fé e reduzir o ser humano a um animal que come, defeca e se reproduz.
Nada de novo debaixo do sol. Porque merece este, então, as capas dos jornais quando chama a Deus “cruel, invejoso e insuportável”?
Eis a resposta: porque o ancião de maus instintos que vimos citando é um escritor de renome mundial e as suas opiniões ajudam a dar colorido à festa dos tolos. Anda há um ror de anos nesta guerra sem quartel, mas parece não se cansar. Agora descobriu que “a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”.
Não se sabe que macabra edição do Livro Sagrado lhe deram a ler, lá na ilha vulcânica que escolheu como pátria. Mas não deve ser a mesma que todos nós conhecemos. Talvez se tenha socorrido de alguma versão editada em Moscovo nos tempos em que ele era um pequeno funcionário encarregado de despedir e perseguir colegas que se atreviam a pensar pela própria cabeça.
Seja como for, condena hoje “o horror” de terem morrido nas Cruzadas “milhares e milhares de pessoas, culpados e inocentes”. Deve ser confusão de um cérebro cansado e avesso à História.
O que ele possivelmente queria referir era a Grande Purga estalinista que, só em condenações “oficiais” à morte, reclamou 700.000 vítimas – com outras tantas “desaparecidas” sem registo. A idade não perdoa. Deus, sim. Mesmo quando se trata de Saramago. Isso aprenderá ele noutra vida.
Jornal "O Diabo"
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