1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.


Constituição da República Portuguesa, Artigo 37º

domingo, 16 de agosto de 2009

A “surdez” de Sócrates!

Quando o primeiro ministro português se afirma “surdo”, às críticas e lamentações da população, algo vai mal no “reino” de Portugal.
Não só porque a primeira regra das democracias é a atenção que deverá ser prestada à crítica popular, em sinal de respeito e consideração, mas igualmente, porque nem todas as medidas impostas pelos governos estão correctas, iPORTUGAL-GOVERNEMENT-SWEARING IN-SOCRATESndependentemente da boa vontade de quem as impõe.
Poder-se-ia ainda entender que, a contestação que hoje se vive no País, em relação:
ao custo de vida; aos cuidados de saúde; à justiça; ao desemprego e ao ensino (entre outras), é fomentada pela oposição, com a intenção de desacreditar o governo.
Mesmo que assim fosse, um responsável governamental, nunca deveria fazer “orelhas moucas” ao que dizem os partidos da oposição, nomeadamente quando o que dizem encontra eco, entre a população do País e poderá vir a constituir um próximo desaire eleitoral, no seu próprio partido.
Felizmente que, mal ou bem, a democracia evolui em Portugal. A prová-lo, está a atenção particular que, os orgãos de informação portugueses, dedicam ao descontentamento das populações, aos partidos da oposição e aos membros do governo, para que justifiquem as suas posições e esclareçam o povo.
E não se diga que esses mesmos órgãos de informação só dão ouvidos às críticas ao
governo. Se alguma coisa se ganhou, com o 25 de Abril de 1974, foi o facto de termos
uma informação livre, capaz de estar atenta aos problemas, denunciando- os e procurando dar voz ao descontentamento e a quem o provocou.
Bastam alguns dias no “Portugal citadino”, prestando atenção aos pequenos e grandes “pormenores”, para confirmar um substancial agravamento das condições de vida da esmagadora maioria dos portugueses.
Os centros comerciais estão habitualmente cheios de gente, os “adoradores de espaços fechados”, que não compram. E os que compram, passam horas à procura do essencial e do mais barato!
Os restaurantes já não enchem, mesmo nos antes tradicionais jantares de sábado.
As casas não se vendem, a não ser as mais caras, o que é um mau indicador de justiça social.
Os parques de automóveis “novos”, em segunda mão, são cada vez mais numerosos, o que poderá corresponder às dificuldades que os seus donos tiveram, em pagar as respectivas prestações.
As pessoas andam tristes e preocupadas com o futuro, face ao desemprego e ao
custo de vida e as expectativas mais optimistas, baseiam-se no “desenrasca”, dos pequenos trabalhos a “negro”, ou ter um amigo que facilite uma “cunha”, para arranjar emprego.
As pessoas andam assustadas com o novo Código de Processo Penal. Não porque o tenham estudado, lido ou compreendido o essencial, mas porque a sua execução, em nome da proclamada defesa dos cidadãos, tem conduzido à libertação de muitos criminosos e a uma maior dificuldade das polícias em prendê-los.
O governo de Portugal não pode fica incomodado com as
críticas que lhe fazem, a propósito da restruturação dos serviços de urgência hospitalar.
A acreditar nas suas justificações, podem morrer menos agora, mas esta reforma das urgências era para que não morresse ninguém, com falta de cuidados de saúde urgentes. Ou não era?
Compreende-se o esforço feito na inovação, nas novas tecnologias e na simplificação administrativa.
Isso é uma boa aposta para o futuro mas, para que haja futuro, tem de haver presente e, se a maioria das pessoas não consegue: escolarizar-se convenientemente; encontrar um emprego que permita sustentar-se razoavelmente
e sentirem-se minimamente protegidas e felizes, essse futuro será eventualmente só para alguns, aqueles que hoje vivem bem,.... no presente.
A “surdez” do primeiro ministro não pode continuar! Se já muitos lhe perdoaram a insensibilidade demonstrada com toda a história da OTA, reconhecendo que os governantes também têm direito de se enganar, esperamos que, em relação a tantos outros aspectos da vida social portuguesa, que estão a afectar gravemente a grande maioria do nosso povo, não seja preciso criar mais uma comissão, desta vez de especialistas “auditivos”, para escutar os motivos de descontentamento desse mesmo povo.

Fonte desconhecida

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