1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
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Constituição da República Portuguesa, Artigo 37º

domingo, 16 de agosto de 2009

A política do vale tudo

José Pedro Aguiar Branco foi à festa do PSD no Pontal dizer que o Governo do PS "está sob suspeita". A acusação é grave e mais ainda quando proferida por um ex-ministro da Justiça e actual vice-presidente social-democrata. Aguiar Branco foi ainda mais longe: "Todos sabemos o que está por detrás dos contratos dos contentores de Alcântara, o que está por detrás do financiamento dos computadores Magalhães, o que está por detrás da Fundação das Telecomunicações, o que estaria por detrás do negócio da TVI, ou porque há alegadas pressões sobre magistrados no chamado 'caso Freeport'."

Aguiar Branco disse por tudo isto que "temos em Portugal um Governo sob suspeição e isto corrói as instituições e mina a autoridade do Estado". Verdadeiramente, o que corrói as instituições e mina a democracia são políticos responsáveis fazerem afirmações desta natureza sem concretizarem as insinuações que fazem. É, passe o plebeísmo, a política do "vale tudo menos tirar olhos".

As afirmações de Aguiar Branco são tão lamentáveis como as de Vital Moreira ou Augusto Santos Silva quando, em plena campanha eleitoral para as eleições europeias, insinuaram que o PSD estava sob suspeita por causa do caso BPN.

O tom apresentado por Aguiar Branco é ainda revelador de toda uma estratégia política que passa não pelo debate das alternativas, mas pelo escrutínio do carácter dos adversários. Diga-se, em abono da verdade, que esta linha política tem sido, pelo menos até agora, rejeitada por Manuela Ferreira Leite. Mas à presidente do PSD exige-se que diga se concorda com o seu vice-presidente, já que foi dela a escolha de incluir António Preto - que começa a ser julgado um mês após as eleições - nas listas de candidatos a deputados. Porque, como disse Moita Flores, "não há corruptos bons ou maus", consoante as trincheiras em que se encontram.

Mudar não significadesrespeitar o passado

É tudo uma questão de idade. E de memória. Por exemplo, o tanque de lavar roupa já mora em poucas casas, mas quem tem 30 anos ou mais ainda se lembrará de o ver em quintais ou marquises. E a máquina de escrever também não é assim tão distante, mesmo que a partir de meados dos anos 80 tenha começado a ser ultrapassada pelos computadores pessoais a ponto de hoje ser objecto de veneração para uns quantos fiéis, entre os quais se incluem alguns escritores de peso. Mas ninguém ousará dizer que não se ficou a ganhar com a substituição do tanque pela máquina de lavar ou da máquina de escrever pelo computador. São sinais de mudança da sociedade, sinais de evolução positiva da sociedade.

Convém, porém, não se desprezar aquilo que foi a nossa realidade até há poucos anos. Ou a dos nossos pais. O telefone fixo, que cede terreno a passos largos ao telemóvel, foi uma grande conquista, ansiosamente esperado em muitas casas. E o velho televisor, sem comando e de estética mínima quando comparado com os modernos plasmas, teve em tempos um lugar de honra nas salas dos portugueses.

Respeitar o passado ajuda a construir o futuro. Aquilo que é hoje obsoleto foi já inovador. E há mortes que não são definitivas (veja-se o regresso do vinil) e outras, há muito anunciadas, que nunca se confirmaram (o livro).

Fonte desconhecida

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