1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.


Constituição da República Portuguesa, Artigo 37º

domingo, 11 de março de 2007

O cidadão modelo da RTP da Judite

Ontem ouvi Valentim Loureiro dizer, com aquele ar de cidadão moralmente superior que todos lhe conhecemos, que iria explicar tudo num canal de televisão. Fiquei meio atónito pois o “Perdoa-me” já acabou há muito tempo e não estava a ver o autarca de Gondomar pagar publicidade do seu bolso, não imaginava que um cidadão tão exemplar pudesse dispor de tempo de antena. Não podia crer que a RTP iria usar o dinheiro dos contribuintes para permitir a um sujeito que é suspeito de corrupção vir fazer campanha televisiva enquanto está envolvido com a justiça, nem imaginar o Pinto Balsemão metido com esta gente e para artista de reality show da TVI o Valentim já está tão gasto como o Marco do Big Brother.
Mas enganei-me, Valentim vai ter mesmo direito a prime time na televisão que pagamos com os nossos impostos e não só vai poder usar um bem que é público como se dá ao luxo de o anunciar com das semanas de antecedência como se fosse ele o dono da estação de televisão. Enquanto a justiça acusa a RTP antecipa a barra do tribunal com uma audiência conduzida pela Judite Sousa.
Não deveria ter ficado admirado, a "Grande Entrevista" da Judite de Sousa tem servido com frequência para fazer exercícios de reanimação de aflitos do PSD, se alguma personagem da direita ou do mundo da bola está em dificuldades é certo e sabido que na semana seguinte vai para tratamento naquele programa, uma verdadeira "ala dos queimados" da RTP. Sucedeu há pouco tempo com Carmona Rodrigues, vai voltar a ocorrer com Valentim Loureiro, como já aconteceu com outros.
Só que de Valentim Loureiro não há mais nada a saber e se o houver é mais do domínio da justiça do que da comunicação social. As únicas entrevistas úteis que Valentim Loureiro poderá dar neste momento serão aquelas que Manuela Morgada entender serem necessárias e não as da Judite Sousa. As primeiras servem para apurar a verdade, as segundas servirão apenas para iludir essa mesma verdade, as primeiras fazem parte da justiça enquanto as segundas só poderão ser úteis para dificultar a justiça.
Ao promover este tipo de entrevistas a RTP está a promover cidadãos que estão longe de terem demonstrado serem modelos de cidadania e, pior do que isso, está a interferir na opinião pública no meio de um processo judicial, dando ao mais conhecido dos arguidos a possibilidade de virar essa opinião pública contra a justiça.
Entrevistas como esta deveriam ser transmitidas a partir de Medelin, na Colômbia. Resta-nos a nós enquanto cidadãos responder não vendo a RTP nesse dia o que, aliás, já se está a tornar num hábito. Jú - Terreiro do Paço

A PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA

Em Portugal usa-se e abusa-se da presunção da inocência, podemos ver um crime ser feito à luz do dia mas até trânsito em julgado o criminoso deve ser tratado como um cidadão exemplar porque se presume inocente. Podemos ler as transcrições das escutas feitas aos dirigentes do futebol que não deixam dúvidas de que não são gente digna mas temos que os tratar como líderes sociais, como a RTP vai fazer com Valentim Loureiro, pode dar-se o caso de haver um qualquer vírgula errada no mandado do juiz que leve à anulação das escutas e, em consequência, à não condenação do arguido.

Valentim Loureiro e outros poderão não ser condenados pela justiça portuguesa, mas por aquilo que se sabe não são merecedores de serem tratados como figuras públicas, por mais votos que os eleitores de Gondomar confiem nele. Não ser condenado não significa que se seja inocente perante a sociedade e os portugueses não pagam os impostos que financiam a RTP para que a Judite de Sousa promova a recuperação da sua imagem. Jú

Serviço Público?

A RTP continua prestar o serviço público no costume no seu programa "Grande Entrevista" onde os aflitos da direita encontram sempre o alento de Judite de Sousa. Valentim Loureiro, o cidadão exemplar do país, até se dá ao luxo de dizer com o seu vozeirão altivo que brevemente vai ter a oportunidade de explicar tudo numa televisão. Valentim Loureiro, um político rejeitado pelo seu próprio partido e arguido em processos de corrupção no desporto é tratado como cidadão exemplar que tem direito a tempo de antena e trata e comporta-se como se fosse dono da estação de televisão. Olhando para os convidados de Judite de Sousa chego à conclusão que são quase todos ou amigos ou camaradas de partido do seu marido.

Jú - Terreiro do Paço


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