1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
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Constituição da República Portuguesa, Artigo 37º

domingo, 23 de setembro de 2007

Até agora ainda não houve nenhum jornal, português ou inglês, que nos
explicasse a natureza da relação de amizade entre Gordon Brown e Gerry
McCann.

Sobre o "caso Maddie", já ouvi falar de quase tudo, e tudo muito
esmiuçado, ao pormenor. Desde o rapto à rede de pedofilia, desde o
dolo eventual ao ADN, desde os cães que farejam cadáveres aos
soporíferos que supostamente foram administrados. Quase tudo foi, e é
ainda, examinado à lupa, embora nem sempre satisfatoriamente. Contudo,
houve algumas coisas que ainda ninguém explicou bem. Por exemplo: é
Gerry McCann amigo pessoal do primeiro-ministro inglês Gordon Brown?
Apenas o Público, no sábado passado, e o director deste jornal, ontem,
referiram esse facto de passagem. Mas, ninguém passou da superfície.
Porquê? Porque é que até agora ainda não houve nenhum jornal,
português ou inglês, nem nenhuma televisão, portuguesa ou inglesa, que
nos explicasse qual a natureza dessa relação de amizade, e até que
ponto ela é forte?
É que isso pode ser bastante importante para perceber porque é que o
"caso Maddie" tomou as dimensões que tomou, em Inglaterra, em Portugal
e no resto do mundo. À medida que o processo vai avançando, e a
investigação aponta na direcção da morte da menina, sendo os pais cada
vez mais suspeitos, o que vamos descobrindo é que podemos ter
assistido à maior e mais sofisticada operação de marketing fraudulenta
de todos os tempos, destinada a convencer-nos a todos de que a criança
tinha sido raptada.
Ora, e esse é o meu argumento hoje, será que a colossal dimensão dessa
operação de marketing foi possível apenas porque Gerry é amigo de
Gordon Brown? Ou, por outras palavras, houve um envolvimento directo
da Downing Street nesta monumental mistificação planetária?
Infelizmente, tudo indica que sim.
Desde os primeiros dias que houve intervenção de Gordon Brown, que
logo na primeira semana disse que "o Governo inglês iria pressionar as
autoridades portuguesas para resolver o caso". Depois, avançou para
Portugal a cavalaria. Um dos maiores especialistas de marketing
político inglês – conhecidos com 'spin doctors' – veio para a Praia da
Luz dirigir as operações, e a campanha mediática do "Find Madeleine"
arrancou a todo o vapor. 'Site' na net, angariação de fundos por todo
o mundo, celebridades mundiais "empenhadas na causa", idas a Fátima
rezar, viagens pela Europa, conversas com ministros espanhóis e não
só, idas diárias à Igreja da Luz, declarações contidas dos pais, e por
fim, a cereja em cima do bolo, uma audiência com Sua Santidade, Bento
XVI. Um verdadeiro 'blitzkrieg' mediático, como nunca houve, nem
provavelmente virá a haver tão cedo.
Mas, será isto normal? Quer dizer, será isto possível sem uma
intervenção poderosa do governo inglês? A resposta é, obviamente, não.
Nenhum casal teria conseguido tanta coisa em tão pouco tempo se não
estivesse a ser activamente ajudado pelas mais altas esferas inglesas.
Para ser recebido pelo Papa, para falar com ministros, para ter a
imprensa inglesa sempre aos pés, solidária e fiel como um dócil
cãozinho, é preciso poder. E esse poder só pode ter vindo directamente
de Gordon Brown. Como, não sei, mas só assim se explica que existam
tantos "acessores de imprensa" ou de "imagem" à volta dos McCann, e
todos eles com ligações directas ao gabinete de Brown. Só assim se
explica que um casal, aparentemente anónimo e de classe média, tenha
tratamento VIP nos aeroportos, nas chancelarias e na imprensa. E é
espantoso que, quatro meses e tal depois do início do caso, ainda
estas questões não tenham sido levantadas em público.
Até porque, e à medida que a investigação vai avançando na direcção da
culpabilidade dos pais, esta situação começa a ser cada vez mais grave
e duvidosa. Já viram o que será se se prova que a Downing Street foi
colossalmente enganada por um amigo de Brown ? Já viram o que será se
se prova que uma mega-campanha mundial arquitectada directa ou
indirectamente pelo primeiro-ministro inglês se revela a maior fraude
deste início de século? O "caso Maddie", de história criminal
fascinante, passaria a ser um gravíssimo assunto político para a
Inglaterra…



Domingos Amaral, Director da revista "Maxmen"


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